Talvez a pergunta que mais nos deveríamos fazer é: “O que Deus quer de mim?” No entanto, ensinamos as crianças a fazerem a vontade delas, perguntando: “O que você quer ser quando crescer?” 

Para saber qual é a vontade de Deus, devemos considerar vários pontos. Vejamos:

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Estado de vida

Primeiro, é preciso deixar claro que a vontade de Deus, para todos, inclui cumprir os deveres do próprio estado de vida. Se você quer saber qual é a vontade de Deus, comece reconhecendo que Ele quer que você cumpra os seus deveres segundo o seu estado.

Isso significa que, para os que são casados, as decisões precisam estar de acordo com o sacramento do matrimônio que receberam. Se você é casado e tem filhos que dependem de você, é certo que Deus não te pede que abandone tudo para ser um eremita no deserto.

Muitos leigos querem tentar fazer as coisas próprias do sacerdote — por exemplo, durante a liturgia, há quem queira fazer tudo o que o padre faz, mesmo sem ser padre. Isso também não é a vontade de Deus, pois não é seu dever de estado.

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Mandamentos

A vontade de Deus é que você busque a santidade segundo o seu estado de vida e que obedeça aos Mandamentos. Nada pode ser vontade positiva de Deus se for pecado (Summa Theologiæ, I-IIæ, q.18, a.4).

Também não pode ser vontade de Deus algo que viole os seus deveres de estado. Por exemplo: uma mulher que decide trabalhar e deixar o filho numa creche sem motivo suficiente não está fazendo a vontade de Deus.

Assim, deve-se seguir a lei natural, a lei divina e cumprir os deveres do seu estado de vida. A vontade de Deus está bem expressa nesses pontos.

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Qualidades

Devemos olhar nossas qualidades físicas, morais e espirituais, porque elas apontam para a vontade de Deus sobre nós. 

Deus dotou cada um com qualidades ou talentos, que indicam o que Ele quer de nós. Por exemplo, se alguém tem inteligência para a biologia — isto é, a biologia lhe atrai com facilidade —, isso pode indicar que a vontade de Deus é que essa pessoa busque formação e trabalho na área médica. Diferentes tipos de inteligência se manifestam em pessoas diferentes; é preciso olhar aquilo em que você é intelectualmente bom (Summa Theologiæ, I, q.22, a.4).

Se um homem tem um alto grau de fortaleza, pode indicar, por exemplo, uma carreira militar. Uma mulher inteligente pode ser chamada a ajudar outras mulheres a educar em casa seus filhos, ou a formar filhos inteligentes para a sociedade. 

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Disposição

A disposição pesa muito no discernimento. Se alguém não tem disposição para o trabalho mecânico, se lhe é difícil, se não gosta, então, ser mecânico de automóveis provavelmente não é a vontade de Deus para essa pessoa. 

A disposição é uma qualidade de alma: alguns têm maior disposição para certas coisas do que outros. É preciso muita prudência aqui para ver o fim pelos meios (Summa Theologiæ, II-IIæ, q.47).

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Circunstâncias

Cada pessoa se encontra diante de muitas circunstâncias diferentes, e Deus é quem as dispõe, embora tenhamos algum grau de livre-arbítrio (Summa Theologiæ, I, q.22, a.2). As circunstâncias de vida indicam a vontade específica de Deus para nós. 

Considere o que convém a você onde Deus o colocou: onde você está na vida, com quem está, em que lugar vive… isso pode indicar o que fazer. Por exemplo, ganhar dinheiro muitas vezes é questão de estar no lugar certo, na hora certa, com a pessoa certa.

A prudência é a virtude que ajuda a compreender as circunstâncias; por isso, é preciso rezar pedindo prudência e cultivá-la, para desenvolver a capacidade de entender as circunstâncias da vida. Alguns têm dificuldade nisso; por isso, é bom conversar com outras pessoas mais sábias sobre suas circunstâncias, para obter um senso geral do que eles acham que Deus pode estar indicando (Summa Theologiæ, II-IIæ, q.47, a.3).

As circunstâncias determinam nossas oportunidades, e Deus determina nossas oportunidades governando as circunstâncias. Isso requer desapego e abandono à Providência, com base no que Ele quer e manifesta por meio das circunstâncias. (Summa Theologiæ, I, q.22, a.5).

Para uma mudança de cidade, por exemplo, é preciso considerar o bem espiritual de todos os envolvidos (especialmente o marido, embora esposa e filhos também devam considerar a questão). Se desenraizar a família e atravessar o país não vai melhorar a renda de modo significativo, talvez as desvantagens espirituais não se justifiquem, já que se pode ficar longe de parentes que fazem bem aos filhos — por exemplo, avós e irmãos virtuosos. 

Por outro lado, se mudar vai tornar possível que a esposa fique em casa com os filhos porque haverá mais renda, então pode ser que Deus esteja oferecendo uma oportunidade de viver a vida familiar mais conforme a Sua vontade. 

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Oração 

Não se pode ouvir o que Deus quer que você faça se você não está atento para ouvi-l’O. Ouve-se a Deus através da oração. Peça ao Espírito Santo o dom do conselho, que nos dispõe a ser prontamente movidos por Deus para saber o que fazer em circunstâncias específicas.

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Tomar conselho

Busque um homem prudente, e pergunte: “Como você resolveria isso?” Procure sacerdotes ou leigos experimentados que lhe ajudem a discernir a vontade de Deus segundo princípios sobrenaturais: a vontade de Deus, os Mandamentos, os deveres de estado, as inclinações da graça, etc.

Evite aquele guru, que se promove como alguém que dá conselhos com facilidade: quem se promove assim, nem sempre é discreto, e a discrição é parte importante da prudência. Não peça conselho a quem nunca fez o que você pensa fazer; peça a quem vive a vida que parece ajustar-se ao que você pensa ser a vontade de Deus. 

Se você pensa que deve ser mergulhador, pergunte a um mergulhador sobre as particularidades dessa vida; assim, verá se combina com você.

Ao discernir a vontade de Deus, rezando, sendo sincero e honesto com Deus, e querendo realmente fazer a Sua vontade, ainda que nem sempre fique claríssimo para onde as circunstâncias apontam, Deus se encarregará de que você cumpra a Sua vontade no fim.

“Porque esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Ts 4, 3).

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