Vida dos Santos
|
7
minutos de leitura
|
03.12.2025

Ele batizou 10 mil em um só mês

PL
Equipe do Padre Leonardo Wagner
Formação Católica

Poucos santos na história chamam tanta atenção quanto São Francisco Xavier, apelidado de o Apóstolo das Índias. Nasceu em 7 de abril de 1506, no Castelo dos Xavier, na antiga Navarra (região dos Pireneus, no limite entre a Espanha e a França), parecia o pequeno menino destinado a grandes coisas, mas ninguém poderia imaginar o quanto seu coração ultrapassaria todas as fronteiras do mundo que até então era o conhecido.

Quando jovem, Francisco foi estudar em Paris, na França. Inteligente, esportivo, cheio de ambição, ele parecia mais preocupado com fama do que com santidade. Mas tudo mudou por causa de uma amizade: seu colega de quarto, ninguém menos que Santo Inácio de Loyola.

Inácio repetia para ele uma frase do Evangelho:

Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt 16,26).

Aos poucos, aquela pergunta começou a ecoar fundo no coração de Francisco. Sem fazer um grande alarde, ele tomou uma decisão muito radical: decidiu entregar sua vida inteiramente a Deus. Dessa forma, tornou-se um dos primeiros companheiros de Santo Inácio na recém-nascida Companhia de Jesus, os jesuítas.

Chamado para o Oriente

Não demorou muito, e logo surgiu um pedido do rei de Portugal, que precisava de missionários para o longínquo Oriente. São Francisco não pensou duas vezes e partiu, deixando tudo para trás, como quem se lança confiante nos braços de Deus.

E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna. (Mt 19, 29).

A viagem foi muito perigosa e longa, demorando quase 13 meses para chegar de Lisboa a Goa. Em vez de lamentar a demora ou as dificuldades, São Francisco Xavier transformou o navio numa pequena missão: ensinava quem quisesse ouvir, confortava doentes, ajudava a pacificar brigas e animava os tristes.

Quando chegou a Goa, encontrou povos pagãos e costumes muito distantes do Evangelho. Em vez de desanimar, viu a oportunidade com grande alegria, pois eram muitas almas que poderiam receber a graça divina. Ele "arregaçou as mangas” e começou a catequizar crianças e adultos, visitar os doentes, resolver injustiças e convocar todos a se reconciliarem.

Não se sabe o número exato de quantos batismos São Francisco Xavier realizou em um único dia, mas o próprio santo em suas cartas relata que num só mês batizou mais de 10 mil pagãos.

Ele percorreu vilas de pescadores em Travancor, andando por praias e trilhas sob sol escaldante, sempre cercado de crianças que repetiam em voz alta as orações que ele ensinava. Multidões se converteram; as pessoas diziam que havia algo irresistível na sua bondade — firme, mas cheia de verdadeira ternura.

Milagres

Logo começaram a acontecer fatos extraordinários, que fortaleceram a fé de todos: doentes eram curados, pessoas possessas por demônios eram libertas, e, em certas ocasiões, quando falava diante de povos de línguas diferentes, todos pareciam entendê-lo, no uso do verdadeiro dom de línguas.

Uma vez, estando longe da cidade de Malaca, muita gente disse ter visto o sino da igreja tocar sozinho, como se fosse um aviso urgente. Só depois descobriram que aquele toque, sem intervenção humana, tinha evitado um grande perigo para os cristãos do lugar.

Outra história comovente aconteceu quando um menino se afogou e foi levado à presença do missionário. Xavier rezou sobre ele e o menino voltou à vida, para o espanto e alegria da mãe e de toda a aldeia. Além desses, muitos outros milagres ele operou em vida.

Japão e China

São Francisco desejava ir mais longe. Atravessou o mar e chegou ao Japão, uma terra de cultura sofisticada e costumes muito diferentes dos seus.

Ali enfrentou frio, pobreza e enormes desafios. Estudou a língua japonesa com seriedade, conversou com sábios e filósofos, pregou nas praças, respondendo perguntas difíceis com muita humildade e sabedoria. Seu modo de viver impressionou muito mais do que suas palavras. Aos poucos, vários japoneses abraçaram a fé.

Depois de tudo isso, nosso santo desejava entrar na China, que ele considerava o maior campo de missão de sua vida. Mas leis rigorosas impediam sua entrada.

Permaneceu esperando numa pequena ilha chamada Sanchoão, diante da costa chinesa. Ali adoeceu gravemente. Sem amigos por perto, com poucos recursos, repetia com serenidade o nome de Jesus, e isso era sua oração incessante.

Morte

No dia 3 de dezembro de 1552, entregou alegremente sua alma a Deus. Depois de sua morte, sua fama espalhou-se ainda mais. Seu exemplo abriu caminhos que outros missionários seguiriam por séculos. Sua vida inteira foi uma prova viva de que o amor de Deus pode transformar qualquer ambiente, desde o convés de um navio até as altas cortes do Japão.

É por isso que São Francisco Xavier é lembrado como um dos maiores missionários depois de São Paulo; não apenas por quantos lugares percorreu, mas pela força sobrenatural de seu amor, que tocava cada pessoa como se fosse a única.

O que movia os santos a abandonar tudo e doarem-se inteiramente ao proselitismo era a fé nas palavras do Redentor. Praticar o indiferentismo religioso é dizer que todo o esforço e sacrifício de missionários como São Francisco Xavier foi em vão, e que eles eram tolos, pois todos podem se salvar em qualquer religião.

Trabalhai na obra da vossa salvação com temor e tremor. (Fl 2,12).
Referências:

Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.

Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.

Dom Prosper Guéranger. The Liturgical Year. 15 v. Loreto Publications, 2000.

Mais artigos

Inscreva-se para receber formações por e-mail

Fazer meu cadastro
Padre Leonardo Wagner © 2024. Todos os direitos reservados.