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O primeiro milagre de Santo Antônio de Pádua

VIDA DOS SANTOS
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13/6/2025
Equipe do Padre Leonardo Wagner

Descendente de uma nobre família oriunda da França, Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa, Reino de Portugal, no ano 1195.

As primeiras palavras pronunciadas pela criança foram os nomes de Jesus e Maria. Desde pequeno, gostava de ir à igreja, de participar das funções litúrgicas: Missas, novenas, ofícios, rosários… Era isso o que mais gostava de fazer, era sua verdadeira diversão.

Seus pais, atentos à realidade ao seu redor e desejosos de dar uma boa formação ao filho, colocaram Fernando na escola da catedral de Lisboa. 

Naquela época, a educação era intimamente ligada à Igreja — era a Igreja que transmitia o saber às crianças dos pais cristãos. Fernando ingressou, então, numa espécie de internato dos cônegos da catedral, onde pôde receber uma formação católica sólida.

Desde muito cedo — ele tinha entre 9 e 10 anos — os padres notaram a grande piedade do menino. Ele demonstrava zelo, amor à obediência, e virtudes já bastante afloradas. Em especial, destacavam-se sua pureza angelical e sua piedade sincera.

Seu primeiro milagre

Um dia — não se sabe exatamente a idade que tinha, mas era ainda na infância— o pequeno Fernando estava rezando no coro da igreja quando sentiu uma forte tentação diabólica. Talvez tenha sido sua primeira tentação mais séria. Ele ficou tão apavorado com aquilo que saiu correndo, literalmente. 

Levantou-se, desceu as escadas do coro em disparada, e, no caminho, lembrou-se de fazer o sinal da cruz.

Ao passar por uma das paredes de mármore, traçou com o dedo o sinal da cruz nela.

Seu primeiro milagre aconteceu: o mármore cedeu ao toque do dedo de Fernando, como se fosse cera quente. Ficou desenhada a cruz na pedra. Até hoje, mais de 800 anos depois, a marca do dedinho do pequeno Fernando ainda está lá, testemunho de sua fuga da tentação diabólica.

Aplicação prática

O que isso tem a ver com a nossa vida espiritual? Acho que você já percebeu.

Quantas vezes nós caímos no pecado porque achamos que temos força para superar a tentação? Acabamos conversando com o tentador, damos chances ao inimigo. Mas vejam: provavelmente na primeira grande tentação da vida do pequeno Fernando — o futuro Santo Antônio — ele fugiu horrorizado, apavorado, e invocou a Deus. Fez o sinal da cruz com toda a pressa e fé. A primeira coisa que lembrou foi do sinal da cruz, e traçou esse sinal com o dedo na parede.

O sinal da cruz de Cristo é o que nos livra do demônio. É a força que temos para nos libertar das tentações. Não adianta conversar com o tentador ou dar-lhe oportunidades.

Lembre-se das palavras de um outro santo: Afonso Maria de Ligório. Ele dizia que, com relação à tentação — especialmente à tentação contra a castidade — só existe uma forma de vencer: fugir. Não existe outra. Talvez com outras tentações possamos resistir, mas com a tentação contra a castidade, é preciso fugir. Às vezes, até literalmente, como fez o pequeno Fernando, que depois se tornou o grande Santo Antônio.

Morte

Ele entrou para os cônegos agostinianos com apenas 15 anos de idade. Ficou durante 10 anos no mosteiro de Coimbra para se afastar dos seus parentes, que o visitavam com frequência na antiga casa.

Movido pelo desejo do martírio e pelo bom exemplo de cinco franciscanos — os cinco primeiros mártires dessa ordem —, pediu o hábito a São Francisco e recebeu o nome religioso de Antônio.

Trabalhava em perfeito recolhimento e despercebido de todos, até que descobriram sua grande eloquência e seus dons milagrosos. O Papa Gregório IX o chamou de "Arca do Testamento”.

Depois de uma vida de total dedicação a Nosso Senhor, Antônio morreu em 1231, foi canonizado em 1256 e em 1263 seu corpo foi exumado. Enquanto todo o resto havido se decomposto, sua língua foi encontrada intacta e até hoje está exposta para devoção dos fiéis.

Oração milagrosa a Santo Antônio

O seguinte hino “Si quæris miracula” foi composto ou por São Boaventura ou pelo Frei Julian de Speyer, em latim, e conta com duas versões gregorianas, uma mais simples e outra solene. A seguinte tradução é usada no Brasil:

Se milagres desejais,
Recorrei a Santo Antônio;
Vereis fugir o demônio
E as tentações infernais.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Todos os males humanos
Se moderam, se retiram,
Digam-no aqueles que o viram,
E digam-no os paduanos.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro, a morte,
O fraco torna-se forte
E torna-se o enfermo são.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo.

Recupera-se o perdido,
Rompe-se a dura prisão
E no auge do furacão
Cede o mar embravecido.

V/. Rogai por nós, bem-aventurado Antônio.
R/. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos

Ó Deus, nós vos suplicamos, que alegre à Vossa Igreja a solenidade votiva do bem-aventurado Antônio, vosso Confessor e Doutor, para que, fortalecida sempre com os espirituais auxílios, mereça gozar os prazeres eternos. Por Jesus Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Referências:

Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.

Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.

Vídeo: https://youtube.com/watch?v=FPZT8euzFbw

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