
Em 1929, no México, o Sr. Alfonso Marcué González, fotógrafo profissional, foi convidado para ir à Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe e tirar fotos da famosa imagem, um tecido, de 1,70 m de altura e 1,05 m de largura.
Alfonso tira as fotos e volta para casa, mas ao ampliar alguns negativos do rosto da imagem, ele descobre nos olhos da Virgem o reflexo de um homem. Alfonso é o primeiro a ver isso, mas ainda não sabe que é apenas o início de uma longa série de descobertas surpreendentes.
Em 29 de maio de 1951, um desenhista, Carlos Salinas Chávez, descobre — usando uma lente de grande ampliação sobre uma fotografia do tecido — que parece haver um homem no olho direito da imagem. Logo ele o encontra também no olho esquerdo, mas posicionado de modo ligeiramente diferente, quase um pouco deslocado.
Desta vez, a informação causa impacto: as autoridades católicas responsáveis pelo tecido são informadas e então solicitam que vários especialistas analisem a peça.
Dez cientistas, principalmente oftalmologistas, estudaram os olhos da Senhora nos anos seguintes. Todos os oftalmologistas confirmam a presença do homem, mas isso não é nada comparado às três descobertas seguintes.
Um reflexo no olho esquerdo não é igual ao do olho direito. Se um homem real estivesse refletido em olhos humanos reais, haveria logicamente uma diferença de posição: os reflexos situados no canto próximo ao nariz de um olho apareceriam necessariamente no canto próximo à orelha do outro olho. É exatamente isso que ocorre nos olhos da imagem de Guadalupe.
Mais intrigante ainda: a distorção do reflexo corresponde à curvatura normal da córnea.
Alguns oftalmologistas, como o Dr. Escalante Padilla, observaram inclusive a presença da rede venosa microscópica normal, perfeitamente visível nas pálpebras e na córnea dos olhos da Senhora de Guadalupe.
Tudo isso já é extremamente surpreendente, pois os olhos são minúsculos no tecido: medem apenas 7 a 8 mm de diâmetro. Como alguém poderia ter pintado reflexos de menos de meio milímetro em um tecido tão grosso? E sobretudo, como teria pensado em deslocar ligeiramente o reflexo para que estivesse conforme às leis da óptica?
Os cientistas tentaram reproduzir a pintura em tecido idêntico, mas mesmo com os pincéis mais finos disponíveis e com técnicas modernas não conseguiram. A superfície é pequena demais, grosseira demais, irregular demais.
Há uma lei óptica chamada lei de Purkinje-Sanson, descoberta na década de 1830. Ela estabelece que, quando um objeto está a certa distância do olho — nem perto demais nem longe demais — e está bem iluminado, ele se reflete não apenas uma vez, mas três vezes em cada olho:
1. uma vez na superfície da córnea;
2. uma vez atrás do cristalino;
3. uma terceira vez entre essas duas imagens, e esta última invertida.
Essa terceira reflexão é menor e invertida em relação às outras. Todos os oftalmologistas consultados conseguiram identificar as três imagens do homem em cada olho, conforme as leis ópticas descobertas em 1830.
O detalhe mais impressionante é o seguinte: essas três reflexões só podem se formar em olhos abertos de pessoas vivas. Em outras palavras, só aparecem em um olho real, com córnea e cristalino reais, com relevo e profundidade verdadeiros.
Jamais foi possível observar essas reflexões em superfícies planas — pinturas, fotografias, etc. Contudo, a imagem de Guadalupe é apenas uma tela plana! Esse simples fato, quando descoberto, deixou todos os oftalmologistas estupefatos: todos sabem que essas três reflexões só existem em olhos vivos.
A segunda grande descoberta foi que o olho reage como um olho humano vivo quando observado sob a luz de um oftalmoscópio.
Quando se projeta a luz de um oftalmoscópio na parte interna do olho, a íris brilha mais do que o restante — não a pupila — criando uma sensação de profundidade, como se a íris estivesse prestes a se contrair. Ao dirigir a luz do oftalmoscópio para a pupila de um olho humano, vê-se um reflexo brilhante no círculo externo da pupila. Ao dirigir a luz para o olho da imagem da Virgem, o mesmo reflexo aparece — e ele produz a impressão de relevo côncavo. Esse reflexo é impossível de obter em uma superfície plana e opaca.
A terceira descoberta é, de fato, a mais extraordinária: ela foi feita entre 1979 e 1997, durante quase duas décadas de estudos contínuos. Com a tecnologia permitindo ampliações de até 2.000x, descobriu-se nada menos que o reflexo de 12 outras pessoas nos olhos de Nossa Senhora.
O Dr. José Aste Tonsmann foi o primeiro a estudar isso. O que convenceu os oftalmologistas foi a presença da mesma figura refletida no outro olho, conforme as leis da ótica, com o deslocamento e a distorção corretos.
Surgiu então uma teoria: todas as figuras refletidas nos olhos seriam as pessoas presentes no exato momento em que a imagem se formou milagrosamente no tecido, quase 500 anos atrás.
Segundo alguns especialistas que estudam a tilma de Guadalupe há anos, os perfis dessas 13 figuras poderiam assemelhar-se ao pequeno grupo — incluindo o bispo — que estava presente no momento exato em que Juan Diego deixou cair as flores de sua tilma.
Uma das pessoas, a qual mede 3,3 mm no total, parece carregar um saco nas costas, provavelmente uma cabaça usada para transportar água. Essa pessoa tem cabelos longos, que parecem estar amarrados com um cordão preso na altura da orelha. Mas, ao observar mais de perto, nota-se também que ele tem um brinco: um pequeno anel com um pingente pendurado no lóbulo. Esse anel é claramente visível ao microscópio e, no entanto, seu tamanho é de apenas um centésimo de milímetro na tilma. Por fim, é possível ver até que ele está usando sandálias; a largura da tira que as prende chegou a ser medida: 12 centésimos de milímetro. O brinco, o cabelo longo, as sandálias — tudo isso sugere que essa figura é provavelmente um indígena, talvez um servo do bispo.
Há outra figura da qual vemos apenas o rosto, bem visível no olho esquerdo, e ela mede 1,6 mm. Seus traços correspondem à imagem de um homem idoso, com uma calvície bastante acentuada, que poderia sugerir um tonsura. O nariz também é grande, e sobretudo reto. No olho direito, também é possível ver o reflexo da mesma figura, mas de forma muito menos nítida, em conformidade com as leis da óptica, que incluem um leve deslocamento. A face, seja pela idade ou por alguma enfermidade, é abatida e acentua o osso zigomático direito. Uma lágrima parece escorrer pela face em direção ao canto dos lábios. O maxilar é proeminente, firme, rígido e coberto por uma barba branca… pode ser o bispo.
Encontra-se uma mulher negra, que mede 0,7 mm, no olho esquerdo. A mesma figura pode ser encontrada em ambos os olhos, de acordo com sua posição relativa ao reflexo. Inicialmente, os cientistas ficaram maravilhados com essa descoberta, mas hoje sabemos que Hernán Cortés trouxe escravos negros ao México. E há uma informação que os pesquisadores encontraram, realmente surpreendente: na História da Igreja no México, do padre Mariano Cuevas, está escrito que o bispo Juan de Zumárraga concedeu liberdade a uma escrava negra que estava a seu serviço no México.
Nos olhos também vemos outra pessoa, talvez assemelhando-se a um indígena, porque usa um chapéu estranho — alguns pensam que poderia ser o próprio Juan Diego.

Todas essas figuras são, evidentemente, impossíveis de serem pintadas à mão, pois são incrivelmente minúsculas. Sobretudo, todas elas estão colocadas em ambos os olhos, em posições relativas de acordo com as leis da ótica — em particular a lei de Purkinje-Sanson, descoberta apenas na década de 1830, sendo impossível que um ser humano tenha pintado essa imagem em 1531 — e mesmo hoje, na verdade.
A tilma é feita de fibra de agave (ixtle), um tecido vegetal rudimentar que costumam decompor-se em 20 a 30 anos, no máximo, mas a tilma está intacta por quase 500 anos, sem sinais de deterioração proporcional ao tempo. Em 1921, uma bomba explodiu diante da imagem; o altar de bronze foi destruído, mas a tilma permaneceu totalmente intacta.
A superfície da imagem apresenta 35,6°C, temperatura aproximada do corpo humano vivo; quando aparelhos de ausculta foram aplicados sobre a imagem, na região do ventre de Nossa Senhora, foi relatado som de batimentos cardíacos humanos, a 115 bpm — ritmo cardíaco típico de um feto.
O manto azul esverdeado da Virgem apresenta pontos luminosos que correspondem à distribuição exata das constelações visíveis no céu sobre o México em 12 de dezembro de 1531, data do milagre; a posição das constelações está invertida, como seriam vistas não da Terra para o céu, mas do céu para a Terra — como se alguém estivesse olhando de uma perspectiva celeste.
As flores do manto correspondem ao mapa topográfico indígena do Vale do México e o símbolo principal no ventre (flor de quatro pétalas) indica o lugar do Deus supremo (Ometéotl) — exatamente no local correspondente ao útero.
Esses e muitos outros detalhes são dignos de muitos outros artigos para aprofundamento, mas a conclusão é: trata-se de uma imagem única e completamente milagrosa, feita por Deus para convencer até os mais céticos e para consolidar a devoção à Sua Mãe Santíssima.
Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
Paul F. Caranci. Heavenly Portrait: The Miraculous Image of Our Lady of Guadalupe. Stillwater River Publications, 2019.