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Por que São Barnabé é chamado “apóstolo"?

Vida dos Santos
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11/6/2025
Equipe do Padre Leonardo Wagner

Natural na ilha de Chipre e descendente da tribo de Levi, Barnabé nasceu com o nome de José. Assim como São Paulo, ele foi discípulo de Gamaliel.

Ele não foi escolhido por Cristo como um dos Doze Apóstolos, mas era um dos principais entre os 72 discípulos do Senhor. Após a Ascensão, José foi um dos primeiros a vender seus bens e entregar aos Apóstolos o troco da venda e se dedicar totalmente à pregação do Evangelho.

(Nota-se que os levitas podiam adquirir propriedades fora de Jerusalém).

O nome Barnabé

De acordo com São João Crisóstomo, José gozava de grande estima dos Apóstolos, e em razão de sua grande habilidade de consolar os aflitos, recebeu deles o nome de Barnabé, que significa "filho da consolação”.

São Jerônimo observa que o nome também pode significar "filho de profeta", nome apropriado para José, que era dotado de dons proféticos.

O nome Apóstolo

Quatro ou cinco anos vemo-lo em Antioquia, para onde os Apóstolos o tinham mandado. As conversões foram tão numerosas que pediu a ajuda de São Paulo, e estes dois trabalharam juntos naquele lugar por um ano

Foi em Antioquia que os primeiros fiéis receberam o nome de cristãos.

São Lucas, ao escrever o livro dos Atos dos Apóstolos, chama tanto Paulo quanto Barnabé de “apóstolos" (At 14, 14). O nome de Barnabé até aparece primeiro, o que pode indicar que, até aquele momento, era São Barnabé mais importante na missão que São Paulo.

Em grego, apóstolo significa enviado, e por esta razão o termo está bem empregado para ambos.

Alguns outros santos também são chamados “apóstolos” de um determinado lugar, como São Filipe Néri, São Bonifácio e e São Patrício, por exemplo.

Sua obra

É elogiado nas Escrituras por sua bondade, simplicidade, caridade e fé viva. Sua fé era tão perfeita que lhe foi concedido o dom dos milagres e a dignidade do apostolado. Toda sua vida foi um contínuo martírio, culminando com seu testemunho de que ele e Paulo haviam arriscado suas vidas pelo nome de Jesus.

Durante uma grande fome prevista pelo profeta Ágabo, a Igreja de Antioquia fez uma coleta generosa e confiou a Paulo e Barnabé a entrega dos recursos aos pobres da Judeia. Com eles viajou João Marcos, sobrinho de Barnabé

Após cumprirem sua missão, retornaram a Antioquia, onde, durante um momento de oração e jejum, o Espírito Santo os escolheu para a missão entre os gentios. Partiram então, levando Marcos consigo, e evangelizaram várias regiões. Em muitos lugares, enfrentaram perseguições dos judeus e dos pagãos. Em Listra, chegaram a ser confundidos com deuses e quase receberam sacrifícios. Mais tarde, Paulo foi apedrejado, mas sobreviveu milagrosamente.

Retornaram às comunidades que haviam fundado, confirmando os fiéis e ordenando presbíteros. Em Antioquia, surgiu uma disputa sobre a observância das leis mosaicas. Barnabé, com Paulo, resistiu aos judaizantes. Isso levou ao Concílio de Jerusalém, no ano 51, no qual a missão aos gentios foi ratificada.

Barnabé deu exemplo de humildade ao se submeter à liderança de Paulo, mesmo tendo sido convertido antes dele. Uma divergência quanto a levar Marcos os separou, mas sem ruptura da caridade. Barnabé voltou a Chipre com seu sobrinho e continuou a missão. 

Teria voltado a colaborar com Paulo e pregado em outras cidades, sendo venerado como fundador da Igreja de Milão. São Carlos Borromeu o chama de “Apóstolo de Milão". 

Seu martírio

Foi apedrejado pelos judeus em Salamina ou Chipre, e seu corpo foi encontrado no ano 485 com um manuscrito sobre o peito, feito por ele próprio, do Evangelho de São Mateus.

O Padre Lehmann observa que poder sofrer pela justiça de Deus é uma graça especial: "Ninguém de vós sofra como ladrão ou assassino, ou malfeitor; mas sofrer por ser cristão não é nenhuma vergonha" (I Pd 4, 1).

O sofrimento nesta vida constitui para o cristão um perfeito purgatório. Puro deve ser o que quer entrar no céu. Sofrer, portanto, nesta vida é grande e extraordinária graça de Deus, porque o sofrimento purifica e prepara a alma para o céu.

São Barnabé, ajudai-nos a também saber e poder sofrer por Cristo!

Referências:

Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.

Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.

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