Aproximamo-nos das festas da exaltação da Santa Cruz e das Dores de Nossa Senhora.
Veneramos a Cruz do Senhor não porque é madeira, mas porque foi o instrumento de nossa salvação. Exaltar a Santa Cruz e a corredenção de Nossa Senhora é louvar a Deus por ter manifestado sua glória ao redimir o homem na Sexta-Feira Santa.
Nenhum de nós que estamos vivos hoje pudemos participar no evento histórico da salvação. Nosso Senhor quis, porém, instituir meios para que participássemos misticamente dele — e, por isso, instituiu a Santa Missa e a Confissão.
A Missa é a renovação incruenta do sacrifício do Calvário, isto é, o mesmo e único sacrifício de Cristo se faz presente novamente (se re-presenta) para nós sem derramamento de sangue.
É a nossa participação atemporal ou extemporânea no oferecimento de Cristo na Cruz.
Santo Tomás de Aquino ensina, na Suma Teológica, que o mais alto ato da religião é o sacrifício (II-IIæ, q. 85, a. 3). Ora, como Cristo, perfeito e imaculado, ofereceu-se a Deus, esse é o mais elevado ato que poderia ser realizado nesta vida.
Assim, como todas as graças nos foram alcançadas por Cristo na Cruz e como Nossa Senhora é medianeira de todas as graças, participar da Santa Missa é tesouro mais rico em graças.
Embora a eficácia infinita do sacrifício de Cristo na Cruz tenha sido restringida na Missa por decreto divino (do contrário, todos seriam santos imediatamente), nós participamos realmente dos efeitos daquele sacrifício indo à Missa e ouvindo-a com devoção.
Até mesmo as crianças recebem Graças ao estarem presentes na Missa, ainda que não compreendam plenamente. Por isso, é boa e santa a prática de que os pais as levem.
Se não for possível ir à Missa diária, a Igreja recomenda ao menos a Comunhão espiritual.
O sacrifício da Missa é oferecido pelos pecados do sacerdote e do povo, como ensina São Paulo. Assim, há uma íntima ligação entre o Calvário, a Missa e a Confissão.
No rito romano, quando o padre nos absolve, ele diz: que a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e os méritos da Santíssima Virgem Maria seja para vós causa de aumento da graça e o prêmio da vida eterna. Além da graça própria do sacramento, recebemos também essa ligação mais íntima com os méritos da Paixão.
A Confissão frequente é um dos principais pilares da vida católica. No entanto, muitos não a praticam como deveriam: alguns só recorrem a ela quando caem em pecado mortal ou após longo tempo, mas a Confissão frequente é essencial porque:
A Igreja recomenda confessar até mesmo pecados veniais. Isso porque, ao nomear pecados concretos, recebemos graças reais específicas para combatê-los.
Mesmo pecados já perdoados podem ser novamente confessados como forma de expiar e obter novas graças.
A Missa diária e a Confissão frequente são os meios ordinários de nossa santificação, que nos unem intimamente à Cruz de Cristo e aos benefícios de sua Redenção.
Por isso, devemos usá-los sempre com fé e devoção. Peçamos a Nossa Senhora da Piedade que nos inspire as mesmas disposições que Ela teve aos pés da Cruz, para que possamos participar dignamente desses sacramentos e sermos absolutamente fiéis à graça que Deus quiser nos dar.
Catecismo da Igreja Católica: Promulgado pelo Sacrossanto Concílio de Trento. Rio de Janeiro, Ed. CDB, 2024.
Santo Tomás de Aquino. The Summa Theologiæ of St. Thomas Aquinas. 2. ed. rev. 1920. Online Edition by Kevin Knight. Disponível em: https://www.newadvent.org/summa/.