Este grande doutor da Igreja nasceu em 330 na cidade de Cesareia na Capadócia, como o mais velho de nove irmãos, dos quais três foram consagrados bispos e uma foi religiosa.
Basílio recebeu de sua avó as primeiras instruções na prática de vida cristã. Ainda em Cesareia começou seus estudos, terminando-os em Constantinopla, onde se ligou a São Gregório de Nazianzo em íntima amizade.
Desligando-se de seu bispo, pois este pareceu abandonar a ortodoxia, fundou um convento masculino e o entregou depois a seu irmão, São Pedro de Sebaste.
Depois de falecido aquele bispo, seu sucessor ordenou Basílio sacerdote. Em razão de sua fama de santidade, incomodou este novo bispo, e por isso retirou-se Basílio novamente.
Morrendo mais este bispo, São Basílio foi chamado a sucedê-lo no ano 370 em Cesareia.
Os hereges arianos, então apoiados pela corte, perseguiam a Igreja. O caráter de nosso bispo, imponente, com firmeza e energia, saber, eloquência e, não menos, sua humildade e extrema austeridade de vida fizeram dele um modelo para os bispos.
Quando São Basílio foi pressionado a admitir os arianos à Comunhão, o prefeito, vendo que palavras suaves não surtiam efeito, disse-lhe:
Estás louco por resistires à vontade diante da qual o mundo inteiro se curva? Não temes a ira do imperador, nem o exílio, nem a morte?
Respondeu Basílio calmamente:
Não. Quem nada tem a perder, não teme a perda de bens; não podes me exilar, pois toda a terra é meu lar; quanto à morte, seria o maior favor que poderias conceder-me; os tormentos não me ferem: um só golpe encerraria minha vida frágil e meus sofrimentos ao mesmo tempo.
Disse o prefeito:
Jamais alguém ousou falar-me assim!
Sugeriu Basílio:
Talvez nunca tenhas medido tua força com um bispo cristão.
Estava lavrada a ata que ordenava o exílio do bispo. Três vezes o imperador se dispôs a dar sua assinatura, e três vezes a pena se quebrou.
Assustado com esse fato, o imperador tomou o papel e com as mão trêmulas rasgou o documento.
Nunca mais se abriu campanha contra o santo. Um oficial chegou a dar ordem de prisão ao Arcebispo, mas vendo a atitude ameaçadora e hostil do povo, que vinha em defesa de seu prelado, desistiu de seu plano, caiu de joelhos e pediu perdão ao santo.
Toda a vida de São Basílio foi um sofrimento. Viveu entre ciúmes, incompreensões e aparentes fracassos.
Mas semeou a semente que produziu bons frutos na geração seguinte e foi instrumento de Deus no combate aos arianos e outros hereges no Oriente, restaurando o espírito de disciplina e fervor na Igreja.
O ano de 379 trouxe-lhe a recompensa do céu. Suas últimas palavras foram:
“Senhor, em vossas mãos entrego meu espírito.”
Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.
Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.