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História da Igreja
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6/6/2025

Salvo pelas 9 primeiras sextas-feiras: como Bruno desistiu de matar Pio XII

Equipe do Padre Leonardo Wagner

Como a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, praticada nas nove primeiras sextas-feiras de cada mês salvaram a vida do Papa Pio XII e a alma de Bruno Cornacchiola?

É o que destrincharemos neste artigo.

O assassino

Bruno Cornacchiola nasceu em Roma em 1913. Sua infância foi marcada pela pobreza, instabilidade e desilusão. 

Aos 20 anos, entrou para a carreira militar e em setembro de 1935 noivou-se com Iolanda Lo Gatto, moça que conhecia desde quando ele era criança.

Ele queria um casamento secular, mas ela insistiu que fosse de acordo com as leis da Igreja. Bruno finalmente concordou em casar-se na sacristia, o que se deu em março de 1936.

Bruno começou a frequentar reuniões do Partido Comunista em Roma e foi recrutado para se tornar um espião. Seu trabalho era passar informações das tropas de Franco para os comunistas.

Ele lutou muitas vezes na guerra civil espanhola, e repetidamente quebrou seus votos matrimoniais. Tornou-se amigo de Otto, um soldado alemão, o qual foi convidado por Bruno a entrar em uma Igreja Católica.

Morte ao Papa

Otto disse que não entraria naquela sinagoga de satanás, e que a guerra que estavam lutando era financiada pela besta do apocalipse — o Papa —, a qual se senta no trono de Deus em Roma e se diz ser Deus.

Bruno então começou a planejar a morte do Papa, porque este — segundo Otto — seria o responsável por tanto mal que ocorria no mundo.

Ele foi a uma loja em Toledo, comprou uma adaga com cabo feito de ossos e gravou nela: “morte ao Papa!” 

Bruno jurou para si mesmo que, se visse a besta em Roma, salvaria as pessoas, matando-a.

Ao retornar para casa, foi recebido por sua filha Isola, que o abraçou e exclamou: “Nossa Senhora de Pompeia o trouxe a salvo para casa!

Bruno insistiu que veio por si mesmo, e, irado, começou a quebrar todos os ícones e objetos católicos que estavam em sua casa.

O juramento

Ele começou a frequentar uma seita evangélica batista e tentou persuadir também sua esposa a ir com ele.

Apesar dos gritos e tapas, Iolanda resistiu valentemente.

Um dia, porém, ela disse: “Bruno, vou te seguir, se você me provar que a Igreja Católica é falsa. Por que você não faz as nove primeiras-sextas feiras, confessando-se e recebendo a Comunhão? Se depois disso, você ainda estiver firme na sua escolha, eu te seguirei.

Bruno aceitou o desafio com um juramento solene, e fez a devoção de fevereiro a outubro de 1940.

Mas, ao final, disse a sua esposa que ainda queria ser protestante, e que ela deveria segui-lo.

Em 1943, o pastor batista rebatizou Bruno e sua esposa, além de outros ex-católicos levados ao erro por Bruno.

Em 8 de setembro de 1945, Bruno saiu da igreja batista e entrou em uma adventista, porque o pastor desta última seita era mais intransigente com a Igreja Católica que o anterior.

O plano

Bruno escolheu a data: em 8 de setembro de 1947, festa da Natividade de Nossa Senhora, ele assassinaria a besta que reside em Roma, com a adaga destinada àquele fim.

Comissionado por seu pastor a pregar um sermão contra a Imaculada Conceição, Bruno saiu com seus três filhos para a praia, a fim de preparar a prédica.

Como perderam o ônibus, foram à colina de Tre Fontane, lugar onde São Paulo foi martirizado.

A aparição

Dez anos exatos antes daquela data, em 12 de abril de 1937, Luigina Sinapi havia tido uma aparição de Nossa Senhora naquela mesma gruta de Tre Fontane, na qual Ela afirmou que voltaria ali mais tarde e converteria um homem que estaria combatendo a Igreja e mantendo o desejo de matar o Papa.

Deixando de lado os admiráveis detalhes da aparição — que poderemos explicar em outro artigo —, Bruno teve uma experiência mística ao procurar a bola com a qual seus filhos brincavam, e que foi jogada dentro daquela gruta.

Ele viu duas delicadas e brilhantes mãos tocarem sua face e retirarem algo de seus olhos.

Atingido por uma incrível paz e uma grande alegria, viu depois a Santíssima Virgem, vestida de branco, com um véu verde, uma faixa rosácea na cintura e a Bíblia em suas mãos.

As palavras de Nossa Senhora permaneceram em segredo até a publicação do livro “Il veggente”, de Saverio Gaeta, o qual encontrou os diários de Bruno.

As nove primeiras sextas-feiras

Entre outras belíssimas palavras, a Virgem da Revelação disse a Bruno que ele foi salvo pelas nove primeiras sextas-feiras, que havia prometido a sua esposa fazê-las bem.

A Mãe de Deus deu instruções ao ex-inimigo da Igreja e do Papa que procurasse um sacerdote em Roma, dizendo uma frase específica. Quando recebesse uma resposta específica, aquele seria o padre designado para o receber novamente na Igreja Católica.

Depois de se encontrar com muitos sacerdotes em Roma, ele encontrou aquele que Nossa Senhora havia designado para o aceitar novamente na Igreja. 

Bruno e sua esposa abjuraram das heresias que professavam e foram recebidos no Corpo de Cristo.

Encontro com o Papa Pio XII

No dia 22 de julho de 1947, um carro levou Bruno de sua casa e até Pio XII, o qual ouviu muito emocionado todo o relato das aparições.

O Papa também revelou a Bruno que naquele mesmo 12 de abril, o próprio Sumo Pontífice havia recebido de Nossa Senhora uma confirmação de que Ela havia aparecido em outro lugar de Roma.

Bruno se prostrou aos pés de Sua Santidade e lhe entregou a adaga que guardava.

Pio XII o encorajou a ser constante na verdade e a dar conferências públicas.

Desde então, Bruno tornou-se um apóstolo incansável da Virgem da Revelação e dedicou sua vida a difundir a mensagem das aparições e o amor de Cristo.

Bruno faleceu em 2001, reconciliado com a Igreja, após passar mais de cinco décadas como testemunha do poder transformador da misericórdia divina.

Façamos as nove primeiras sextas-feiras em honra ao Sagrado Coração de Jesus, e nós também seremos salvos!

Referências:

Saverio Gaeta. Il veggente: il segreto delle Tre Fontane. Milano: TEA, 2016.

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