A ira é uma paixão complexa, porque com ela, alguém sofre uma certa tristeza por alguma injúria que recebeu, mas também existe um desejo de vindicação.
A ira faz a alma entrar em conflito, porque há ao mesmo tempo uma dor interior e uma inclinação ativa, um desejo de vindicação.
A ira não é apenas uma paixão ou emoção, mas é também um vício quando está fora da justa medida:
A ira moderada pela reta razão é uma virtude. Essa forma reta é chamada por Santo Tomás de “ira consequente” — quando se reconhece uma verdadeira injustiça, e a reação é proporcional: nem mais, nem menos do que o necessário.
1. Quanto à Origem:
Santo Tomás fala dos coléricos, pessoas que se irritam com demasiada rapidez ou por motivos triviais. Portanto, há um certo vício que se chama cólera.
2. Quanto à Duração:
A ira pode durar excessivamente, e isso se manifesta de duas formas:
Sendo a ira um vício capital, dela derivam outros vícios, chamados suas “filhas”:
Os principais meios de vencer esse vício são:
1. Devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Nosso Senhor disse: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Se pedirmos sinceramente que Ele torne nosso coração semelhante ao d’Ele, alcançaremos, pela graça, a mansidão — que é a virtude oposta à ira.
2. Humildade
A humildade nos faz reconhecer nossa miséria e nosso lugar. Quando somos humilhados ou ofendidos, somos menos propensos a nos ofender se reconhecermos que merecemos toda humilhação que Deus permitir em nossa vida.
3. Espírito de mortificação
Um coração mortificado aceita com paciência as injúrias que outras pessoas nos fazem sofrer. Isso exige sacrifício interior, mas é o caminho para a verdadeira caridade. Suportar as ofensas pacientemente é, inclusive, uma das obras espirituais de misericórdia.
Ensinou o Apóstolo:
”Se vos irardes, não pequeis.” (Ef 4, 26).
Pratiquemos a devoção ao Sagrado Coração, cultivemos a virtude da mansidão, cresçamos na humildade e abracemos o espírito de mortificação.
Assim, encontraremos a paz interior, e a ira, com o tempo, desaparecerá.
Santo Tomás de Aquino. Summa Theologiæ. New York: Benziger Brothers, 1947.