Saulo nasceu em Tarso, na Cilícia (atual Turquia), cidade próspera e célebre por sua cultura helenística. Era judeu da tribo de Benjamim e também cidadão romano, o que lhe daria notáveis vantagens em suas viagens apostólicas.
Saulo foi educado por Gamaliel, um dos mais respeitados mestres de sua época, e aprendeu com zelo a lei de Moisés, tornando-se um fariseu fervoroso.
Foi nesse ardor que Saulo se tornou inimigo feroz da religião de Cristo e de seus seguidores. Ele estava presente na morte de Santo Estêvão, guardando as vestes dos que o apedrejavam. Mas Deus o esperava.
Ao dirigir-se a Damasco, portador de cartas para prender os cristãos, Saulo foi derrubado (do cavalo) por uma luz muito forte e ouviu a voz do próprio Cristo:
"Saulo, Saulo, por que Me persegues?"
A partir desta conversão milagrosa, narrada por São Lucas no capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos, Saulo (que significa “grande”), passou a chamar-se Paulo (que significa “pequeno”).
Paulo foi recebido com ceticismo e desconfiança pelos Apóstolos, por seu passado perigoso.
De Damasco, dirigiu-se para o deserto da Arábia, onde ficou três anos fazendo grandes penitências e entregando-se ao estudo da religião. Passado esse tempo, voltou para Damasco, onde os judeus quiseram matá-lo por sua apostasia.
Partindo de Antioquia (onde os cristão receberam pela primeira vez este nome), Paulo e Barnabé evangelizam Chipre e a Ásia Menor, enfrentando perseguições.
João Marcos os acompanha por parte do caminho. Em Listra, Paulo chega a ser apedrejado e dado como morto, mas levanta-se e continua pregando.
Durante essa viagem, Paulo dá suas instruções apenas oralmente. Não havia escrito nenhuma epístola, como também nenhum evangelista o havia feito ainda.
O meio de transporte era o navio para longas distâncias e, a pé, pelas estradas romanas.
Após o Concílio de Jerusalém, Paulo parte novamente, agora com Silas.
Mais tarde, Timóteo e Lucas se juntam a eles.
Visita a Macedônia (Filipos, Tessalônica) e a Grécia (Atenas, Corinto). Aqui se estabelece por mais tempo em Corinto, onde escreve as duas Epístolas aos Tessalonicenses, consolando os fiéis e corrigindo erros doutrinários.
São Paulo visita as comunidades já fundadas na Ásia Menor e fixa-se em Éfeso por cerca de três anos. É nesse período que escreve a Primeira Carta aos Coríntios para corrigir escândalos e divisões, e depois a Segunda Carta aos Coríntios, mais consoladora.
Também redige a Carta aos Gálatas, defendendo a liberdade cristã contra o legalismo judaizante.
Antes de retornar a Jerusalém, escreve a Carta aos Romanos com grande síntese teológica sobre a salvação em Cristo.
"Dos Judeus recebi cinco vezes quarenta açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes naufraguei, uma noite e um dia estive no abismo; muitas vezes, em viagens, (me vi) entre perigos de rios, perigos de ladrões, perigos dos da minha nação, perigos dos gentios, perigos na cidade, perigos no deserto, perigos no mar, perigos dos falsos irmãos, em trabalhos e fadigas, em muitas vigílias, em fome e em sede, em muitos jejuns, em frio e nudez. Além destas coisas, que são exteriores, (tenho também) a minha preocupação quotidiana, o cuidado de todas as igrejas." (II Cor 11, 24-28).
Acusado injustamente em Jerusalém, Paulo apela ao direito de cidadão romano e é enviado a Roma, sofrendo naufrágio em Malta, onde evangeliza os habitantes.
Em Roma, passa dois anos em prisão domiciliar, mas continua pregando.
Dali, escreve as chamadas “epístolas do cativeiro”: Efésios, Filipenses, Colossenses e a carta a Filemon.
Apesar de ter a autoria contestada pelos estudiosos modernos, foi também ele quem escreveu a Carta aos Hebreus.
Após breve liberdade, acredita-se que Paulo tenha evangelizado a Espanha, como ele mesmo descreveu o desejo de fazê-lo no capítulo 15 de sua carta aos Romanos.
Voltou a Roma, onde foi preso novamente sob Nero.
Escreveu então suas últimas cartas, chamadas pastorais (I e II a Timóteo, e a Tito), instruindo os sucessores no cuidado da Igreja.
"Quanto a mim, estou já oferecido em libação (derramando o meu sangue), e o tempo da minha partida avizinha-se. Combati, até ao fim, o bom combate, acabei a minha carreira, guardei a fé. De resto, está-me preparada a coroa da justiça que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; porém não só a mim, mas também àqueles que esperam com amor a sua vinda." (II Tm 4, 6-8).
São Pedro foi crucificado, e São Paulo, por ser cidadão romano, foi decapitado na Via Ostiense, ambos no mesmo dia.
Sua cabeça saltou três vezes no chão, e brotaram ali mesmo três fontes de água. O lugar ficou conhecido como "Tre Fontane", três fontes.
Essas fontes continuaram a jorrar água até a década de 1950, quando cessaram de fazê-lo.
Parte das relíquias de São Paulo foram colocadas junto às do Príncipe dos Apóstolos, onde hoje está edificada a Basílica de São Pedro.
Na liturgia, esses dois apóstolos são sempre comemorados juntos.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.
Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.