Vocação precoce
Nascida em Florença no ano de 1566 de uma nobre família, Santa Maria Madalena de Pazzi foi batizada com o nome de Catarina. Desde os primeiros anos de sua infância, sua alma já se inclinava para os mistérios divinos.
Tinha gosto especial pela leitura da vida dos santos, pelas visitas ao Santíssimo Sacramento e pelas práticas de mortificação.
Aos sete anos, já se abstinha dos divertimentos comuns às crianças, preferindo a oração e a meditação da Paixão de Nosso Senhor, cujas dores tocavam seu coração com intensidade sobrenatural.
Voto de castidade
O desejo de comungar inflamava seu coração com uma sede ardente por Jesus Eucarístico. Emocionava-se ao ver os outros comungarem, e, finalmente, aos dez anos, recebeu pela primeira vez o Santíssimo Sacramento, dia que descreveu como o mais feliz de sua vida.
Impulsionada por esse amor, consagrou-se a Deus com um voto de castidade perpétua, antecipando já o dom total de sua vida ao seu divino Esposo.
Religiosa
Com apenas doze anos de idade, suas penitências se tornaram mais rigorosas: vestia-se com cilícios, dormia no chão, impunha-se coroa de espinhos e usava a disciplina com frequência.
Quando pretendentes se apresentavam aos seus pais, ela respondia com firmeza que já havia escolhido um Esposo mais rico e mais belo: o próprio Cristo. Apesar de enfrentar resistências familiares, conseguiu ingressar no convento das Carmelitas de Santa Maria dos Anjos, em Florença.
Experiências místicas
Durante a profissão religiosa, entrou em êxtase durante duas horas. Era o sinal visível de uma união mística que se tornaria constante. Foi favorecida por visões, revelações, ciência infusa e frequentes êxtases nos quais recebia consolações celestiais e instruções espirituais. O seu desejo mais ardente era sofrer e ser esquecida, para assim participar mais intimamente dos sofrimentos do Redentor.
O fogo do amor divino abrasava seu corpo e alma com tal intensidade que se fazia necessário resfriar-lhe o peito e as mãos, como acontecia com São Filipe Néri. Em suas palavras inflamadas, exclamava:
“Ó Amor! Nunca deixarei de Vos amar!”
Durante a festa da Invenção da Santa Cruz, ouvia-se que rezava assim:
“Ó Amor! Quão pouco se Vos conhece!”
Tentações
A dor pelos pecados do mundo consumia seu espírito. Oferecia-se em contínuo sacrifício por sua conversão e dizia que aceitaria até o inferno, se este fosse o meio para salvar uma alma. Quando perguntada sobre qual recompensa desejaria de Deus, de modo semelhante a Santo Tomás de Aquino, respondeu:
“Nenhuma, senão a salvação das almas”.
Jejuava com grande severidade, alimentando-se durante vinte e dois anos apenas de pão e água. Durante o tempo de carnaval, intensificava as penitências para reparar as ofensas feitas a Deus.
Sofreu ainda cinco anos de tentações violentíssimas contra a fé e a castidade, resistindo com a firmeza de uma rocha sustentada pela graça divina.
Morte
Nos três últimos anos de sua vida, foi consumida por enfermidades, privada de consolações espirituais. Estava acamada e sem conseguir se movimentar. Porém, ao tocar dos sinos para a Missa, recuperava as forças, dirigia-se ao coro e, terminada a Missa, voltava a cair enferma em seu leito.
Ao ser avisada pelos médicos da proximidade de sua morte, pediu perdão a todas as irmãs, recebeu os últimos sacramentos e entregou sua alma puríssima a Deus no dia 25 de maio de 1607.
Imediatamente após sua morte, seu corpo passou a exalar perfume celestial e rejuvenesceu visivelmente, dissipando todas as marcas das doenças e mortificações.
Cinquenta e seis anos depois, seu corpo foi encontrado incorrupto. Beatificada por Urbano VIII em 1626, foi canonizada por Clemente IX em 1669.
Ela brilha como uma grande estrela entre os santos, pois é para nós um exemplo de pureza, penitência e amor abrasado a Deus. É frequentemente citada por Santo Afonso Maria de Ligório em suas obras.
Santa Maria Madalena de Pazzi, rogai por nós!
Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.