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Como foi a vida de São Pedro Apóstolo?

Vida dos Santos
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28/6/2025
Equipe do Padre Leonardo Wagner

A vocação

Simão nasceu em Betsaida, na Galileia, às margens do lago de Genesaré, filho de Jonas e irmão de André. Ele exerceu durante anos a profissão de pescador, sustentando-se com o trabalho da pesca.

Essa condição simples e humilde faz sobressair ainda mais a escolha divina, pois Nosso Senhor quis edificar a sua Igreja não sobre doutores ou príncipes, pessoas instruídas na sabedoria dos homens, mas sobre um pescador, para demonstrar que a doutrina que ele ensinava não era humana.


Simão foi apresentado a Nosso Senhor por André, que já seguira o Cordeiro de Deus por indicação de São João Batista. Cristo olhou para ele e declarou: “Tu és Simão, filho de Jonas; tu te chamarás Cefas”, que se traduz por Pedro, e significa “pedra”. Nessa designação estava contida a sua missão futura de fundamento visível da Igreja.


O Padre Alban Butler observa que Pedro, com sua natureza impetuosa mas sincera, foi modelado pela graça divina para se tornar rocha firme de unidade e defensor ardoroso da fé.

Vida pública

Ao longo do ministério público de Cristo, Pedro figura em todos os momentos centrais: participou da pesca milagrosa no lago de Genesaré, quando reconheceu a própria indignidade dizendo:

“Senhor, afasta-te de mim, porque sou pecador”.


Esteve presente na cura de sua sogra, na ressurreição da filha de Jairo, na Transfiguração no monte Tabor, e testemunhou, com Tiago e João, a agonia do Senhor no jardim de Getsêmani.
Segundo o Padre Lehmann, São Pedro foi dotado de um amor ardente, mas também de uma natureza humana frágil, que se revelou na negação de Cristo na noite da Paixão. Apesar de ter afirmado corajosamente que jamais abandonaria o Senhor, cedeu ao medo e negou conhecê-lo três vezes antes que o galo cantasse.


No entanto, essa queda serviu para purificá-lo ainda mais e confirmar sua humildade. Chorou amargamente seu pecado, e, após a ressurreição, Cristo lhe concedeu o perdão e confirmou a sua missão:

"Apascenta os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas”.

Este mandado equivalia a restituir-lhe plenamente a autoridade e a confiança para ser pastor supremo de toda a Igreja.

No dia de Pentecostes, São Pedro recebeu a plenitude do Espírito Santo no Cenáculo, e saiu a pregar com extraordinária coragem. Sua primeira homilia converteu cerca de três mil pessoas, inaugurando o apostolado público da Igreja. Outrora temeroso, agora se erguia como uma coluna inabalável, anunciando com intrepidez a morte e ressurreição de Cristo. Operava curas milagrosas, ressuscitou mortos, e impunha as mãos para transmitir o Espírito Santo aos batizados.

Permaneceu algum tempo em Jerusalém, dirigindo a comunidade cristã nascente, mas logo se espalhou a missão evangelizadora. São Pedro exerceu o governo apostólico também na Antioquia, onde fundou e organizou outra comunidade florescente, sendo reconhecido como seu primeiro bispo. Ali permaneceu alguns anos, fortalecendo os fiéis e combatendo heresias.

São Pedro em Roma

O Papa decidiu finalmente estabelecer-se em Roma, centro do mundo antigo, pois entendeu ser aquela a sede natural para irradiar a fé cristã a todos os povos. Roma era a capital do império e, ao mesmo tempo, o lugar mais difícil e perigoso, mas Pedro via nisso a vontade de Deus de plantar a Cátedra do Vigário de Cristo no coração do mundo.


São Pedro chegou a Roma por volta do ano 42 e exerceu ali seu ministério por cerca de vinte e cinco anos, enfrentando terríveis perseguições, especialmente sob Nero. Fortificou os cristãos ameaçados pela morte, celebrou os sacramentos clandestinamente, e lutou contra falsos doutores que surgiam para corromper a fé. Em cartas inflamadas de zelo e amor, exortava a perseverança, a fidelidade à tradição recebida, e a obediência às legítimas autoridades espirituais.


São Pedro sofreu novas prisões, como já acontecera em Jerusalém, mas sempre se libertava pela providência divina ou pela ousadia de continuar pregando. Em certa ocasião, quando soube que a perseguição romana se agravava, seus discípulos insistiram para que fugisse.


Pedro chegou a sair de Roma, mas, na estrada, encontrou-se com Cristo, que lhe apareceu carregando a cruz. Perguntou:

“Senhor, para onde vais?”

Jesus respondeu:

“Vou para Roma ser crucificado de novo”.

O Papa entendeu que devia voltar e enfrentar o martírio.

Martírio

Foi preso e condenado a morrer crucificado. Por humildade, pediu que sua cruz fosse invertida, com a cabeça para baixo, pois não se considerava digno de imitar a morte de seu Senhor. Esse gesto exprimiu a mais perfeita humildade e a aceitação heroica da cruz, selando definitivamente seu papel de chefe e testemunha suprema da fé.

Seu martírio ocorreu no ano 67, no circo de Nero, e o seu corpo foi sepultado próximo ao local onde se ergueria, séculos depois, a Basílica Vaticana, símbolo do primado petrino.

Suas relíquias estão abaixo do altar da confissão, na mesma Basílica, protegendo espiritualmente até hoje a sede de toda a cristandade, a qual é como o barco em que estava São Pedro naquela noite de tempestade: ele parece perecer em meio às ondas, mas o Senhor está nele, e o protege com sua virtude divina.

São Pedro, rogai por nós e pelo nosso Papa!

Referências:

Pe. Alban Butler. The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.

Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1953.

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