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Thor, o carvalho sagrado e a árvore de Natal: vida de São Bonifácio

Vida dos Santos
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5/6/2025
Equipe do Padre Leonardo Wagner

O que a árvore de Natal e o deus nórdico Thor têm a ver com São Bonifácio? É o que veremos a seguir.

Winfrid: monge e depois missionário

Winfrid nasceu na Inglaterra por volta de 680. Logo aos 5 anos de idade, manifestou interesse em estudar num convento. Seu pai protestou, mas uma doença caiu sobre a criança e o pai viu na cura milagrosa um sinal de que essa era a vocação do filho.

Entrou ele para a ordem beneditina e aos 30 anos foi ordenado sacerdote.

Ao saber que o Papa Gregório II estava enviando missionários para a Alemanha, ele foi a Roma e recebeu do Sumo Pontífice o nome de Bonifácio e a comissão de pregar o evangelho nas regiões da Thuríngia, Baviera, Francônia e Hesse.

Consagração episcopal

Bonifácio alcançou a conversão de muitos pagãos e também conseguiu estabelecer mosteiros beneditinos por onde passava. A notícia de seus feitos chegou a Roma, e o Papa o convocou para prestar contas de seu trabalho.

Impressionado com seus esforços, Gregório II consagrou Bonifácio como bispo e lhe deu jurisdição sobre toda a Germânia ao leste do Reno.

O santo bispo voltou a Alemanha com uma recomendação pontifícia a Carlos Martel, depois de fazer um juramento de defender sempre a pureza da fé e a unidade da Igreja.

O carvalho de Thor

No coração da resistência pagã que enfrentava Bonifácio, erguia-se uma árvore colossal: o carvalho sagrado de Thor (o deus nórdico do trovão), conhecido como Donar's Oak, próximo de Geismar. 

Em vão São Bonifácio se esforçou para convencer o povo da fraqueza dos deuses e da falsidade do culto a Thor e a Odin, muito menos conseguiu que abandonassem o culto àquele carvalho sagrado.

Ao redor dela realizavam-se sacrifícios e cerimônias em honra das divindades pagãs, sendo, portanto, o santuário nacional da idolatria.

O pavor se apoderou dos idólatras quando, na vigília do Natal, São Bonifácio aproximou-se ameaçando derrubar o carvalho sagrado, exclamando em alta voz que o martelo do falso deus Thor seria destruído pela Cruz de Cristo.

Os pagãos observaram atentamente, pois acreditavam que o deus do trovão não permitiria que seu lugar sagrado fosse destruído tão facilmente, sem que uma descarga elétrica fritasse aquele que o ameaçava.

Porém, nada aconteceu e São Bonifácio derrubou a árvore sagrada com uma única machadada. O carvalho se partiu em quatro partes e nosso santo usou toda a madeira para construir uma capela, a qual dedicou a São Pedro Apóstolo.

Nenhum trovão, nenhum castigo. O silêncio dos ídolos falou eloquentemente como testemunho da Verdade.

A árvore de Natal

Segundo a tradição, da memória da destruição do carvalho e da evangelização da floresta germânica por São Bonifácio, nasceu o costume de utilizar árvores perenes, especialmente o abeto, como símbolo da fé viva e incorruptível. 

Decorada com luzes e imagens sacras, a árvore de Natal recorda o triunfo da luz sobre as trevas, de Cristo sobre os ídolos. É a árvore que não morre, que permanece verde mesmo no inverno, sinal da vida eterna trazida pela Encarnação.

Algumas fontes relatam que diante do carvalho de Thor se sacrificavam crianças para este deus, e que São Bonifácio teria pregado eloquentemente que nossa vítima foi o Senhor Jesus Cristo, o qual se manifestou em Belém como uma criança naquele dia do Natal, e que por isso todos os demais sacrifícios deveriam cessar.

Martírio

São Bonifácio viajou à Frísia para administrar o sacramento do Crisma.

O inimigo do gênero humano não via com bons olhos os frutos do zelo apostólico de nosso santo, e resolveu por um fim às conversões.

O bom Deus se utilizou do ódio do diabo para coroar com grande glória os trabalhos de Bonifácio, e lhe deu a honra do martírio.

No momento e que se dispôs para administrar o sacramento, um bando de facínoras apareceu, a mando do sumo sacerdote pagão, para assassinar o servo de Deus.

São Bonifácio, percebendo o derradeiro momento de ser testemunha de Cristo, deu graças a Deus e animou seus companheiros a abraçarem a morte por Cristo.

Com os santos Evangelhos na mão, dirigiu-se aos assassinos, e sem que pudesse pronunciar qualquer palavra, recebeu uma punhalada no coração, caiu por terra e entregou a alma ao seu Criador — ele e mais 52 companheiros.

Peçamos ao Bom Deus que nos dê mais bispos com a mesma fé de São Bonifácio!

Referências:

Pe. Alban Butler. Lives of the Saints. New York: P. J. Kenedy & Sons, 1956.

The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company, 1913.

Pe. João Batista Lehmann. Na luz perpétua. Petrópolis: Vozes, 1928.

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