Francisco foi batizado Ascânio em 1583 no reino de Nápoles, pela nobre família Caracciolo.
Na infância, ele evitava todos os divertimentos, recitava o rosário regularmente, distribuía sua comida aos pobres e visitava com frequência o Santíssimo Sacramento.
Um contágio de lepra lhe ensinou a vileza do corpo humano e a vaidade do mundo.
Milagrosamente curado, ele renunciou à sua casa para estudar para o sacerdócio em Nápoles, onde passou suas horas de lazer nas prisões ou visitando o Santíssimo Sacramento em igrejas quase desertas.
Deus o chamou, quando contava apenas vinte e cinco anos de idade, para fundar uma ordem de cônegos regulares, cuja regra era que, cada dia, um jejuava a pão e água, outro levava a disciplina, um terceiro usava uma camisa de cabelo, enquanto eles sempre assistiam por turnos em adoração perpétua antes do Santíssimo Sacramento.
Este chamado não veio através de uma revelação especial, senão de uma correspondência extraviada, pois deveria ser entregue a um primo seu distante, com o mesmo sobrenome. Não obstante, Francisco viu neste acontecimento o dedo da destra paterna — o Espírito Santo — e aceitou o encargo, fundando essa nova ordem com Agostinho Adorno: a Ordem dos Clérigos Regulares Menores.
Seu clérigos faziam os três votos habituais (pobreza, obediência e castidade), acrescentando-se um quarto: não a almejar dignidades eclesiásticas.
Para estabelecer sua ordem, Francisco realizou muitas viagens pela Itália e Espanha, a pé e sem dinheiro, contente com o abrigo e as crostas que lhe eram dadas em caridade.
Eleito superior geral, redobrou suas austeridades e dedicava 7 horas por dia à meditação da Paixão, além de passar a maior parte da noite orando diante do Santíssimo Sacramento.
Francisco era comumente chamado de pregador do amor divino. Mas era diante do Santíssimo Sacramento que sua ardente devoção era mais claramente perceptível.
Na presença de seu Senhor Divino, seu rosto emitia raios brilhantes de luz; e ele frequentemente banhava o chão com as lágrimas quando orava, de acordo com seu costume, prostrado em seu rosto diante do tabernáculo e repetindo constantemente, como devorado pelo fogo interno: "O zelo por vossa casa me consome".
Ele morreu de febre, com quarenta e quatro anos, na véspera de Corpus Christi de 1608, dizendo: "Vamos, vamos!" Um irmão perguntou: “Para onde, irmão Francisco?” Ele replicou: “Para o Céu!” E entregou o espírito.
Ele é considerado padroeiro de Nápoles e dos cozinheiros italianos.
Quando de sua autópsia, seu coração foi encontrado como se tivesse sido queimado, e essas palavras impressas em torno dele: "Zelus Domus tuæ comedit me": o zelo por vossa casa me consome.
É para os homens, e não para os anjos, que Nosso Senhor reside no tabernáculo. No entanto, os anjos baixam até nossas igrejas para adorá-l’O enquanto os homens O abandonam.
Aprendamos com São Francisco Caracciolo a evitar tamanha ingratidão e passar, como ele, todos os momentos possíveis antes do Santíssimo Sacramento, especialmente neste mês dedicado ao Sagrado Coração.
Peçamos nesta novena ao Espírito Santo que inflame também os nossos corações com o mesmo zelo pela Casa de Deus, que é Nossa Senhora, a Igreja Católica e também nossas capelas onde reside o Santíssimo Sacramento.
Pe. Alban Butler, The Lives of the Saints, Benziger Bros, 1894.